Fascists co-operating with the cops
“Our answer will be given on the streets”: final build-up for January 9 demonstrations
Testemunhos:
Diário de Atenas II
Dia 2
Apagaram tudo?
Chegados ao Politécnico de Atenas, o centro da contestação estudantil e o sítio onde vigora a lei do asilo (a policia está impedida pela Constituição de lá entrar sob qualquer circunstância), encontramos as paredes a serem pintadas. Dois trabalhadores tapavam com tinta branca um graffiti: “Fuck the police”. A repressão policial é uma das questões principais da mobilização. Desde a ditadura militar que há uma forte cultura anti-autoritária neste país. Os partidos do poder – PASOK e Nova Democracia – têm feito promessas sucessivas de “democratização da polícia”. Mas ela nunca aconteceu verdadeiramente: a polícia continua conotada com a extrema-direita e com uma repressão violenta. A Amnistia Internacional considerou a Grécia um dos piores países europeus no que diz respeito à violência policial. E antes dos Jogos Olímpicos de 2004, uma série de leis “anti-terroristas” reforçaram o poder e a arbitrariedade da acção policial. Os jovens e os imigrantes são, naturalmente, os primeiros alvos desta repressão. Não apenas nas manifestações, mas no dia-a-dia: identificação de pessoas, violência nas esquadras, etc.... Em Exarchia, bairro central da contestação e onde se situa o Politécnico, a policia é uma presença constante.
“Só Deus escolhe quem morre”
Ninguém esquece a morte do jovem Alexis Grigoropoulos. Um outro Alexis, desta feita Kougias e advogado do policia que assassinou o adolescente, disse na televisão, a seguir ao assassinato, que “só Deus escolhe quem morre e quem vive” e que “o Tribunal é que vai decidir se ele merecia morrer ou não”. Em quatro dias, um grupo criado no Facebook, cujo título era “Fuck Alexis Kougias” reuniu 90 mil membros. A net é um ponto de encontro – e um lugar de mobilização na revolta de Atenas.
José Soeiro
via http://canardlibertaire.blogspot.com/2009/01/dirio-de-atenas-ii.html
Artigos:
O que diz Soeiro
Li com choque e pavor as entradas no diário ateniense do jovem deputado do bloco. Assim à primeira vista não têm nada de muito surpreendente e não me causam incómodo de maior. O que me chama mais a atenção na sua leitura é o constante esforço de «tradução» do que acontece em Atenas para a cultura política de José Soeiro e dos jovens do bloco, fazendo-me recordar a reportagem publicada no verão sobre o seu acampamento. Tudo é lido à luz desta mistura difusa de escutismo, comércio justo, boa vontade e entusiasmo kitsch, em que se aspira a «um mundo melhor» e se tem a preocupação de ser «pedagógico». Ficamos com a sensação de que Soeiro, quando deixa cair um copo de sumo de maçã em casa de alguém, diz «chiça» em vez de «fôda-se», para não ferir qualquer susceptibilidade.Note-se a preocupação do primeiro dia: "Por isso, também os estudantes terão de arranjar formas criativas - e preferencialmente à escala europeia - para manter o conhecimento na esfera não mercantil dos direitos." Temos dificuldades em compreender o que poderá ser a esfera mercantil dos direitos, mas numa frase em que se fala de «formas criativas e preferencialmente à escala europeia», seria quase mesquinho ir por aí. Sabemos que este tipo de formulações aponta quase sempre para a repetição em Portugal do que alguém viu fazer num qualquer Fórum Social Europeu ou manifestação londrina/parisiense/romana contra a privatização do ensino. Sabemos, no fundo, que é tanto menos criativa quanto aspira à escala europeia, mas como querer mal a um entusiasmo tão juvenil? Ele parece mesmo acreditar nestas coisas e isso já é uma vantagem em relação aos jovens que o precederam.
O que se torna problemático é a posição do «portuguese comrade» que tenta «explicar» aos gregos o que mais lhes convém, apesar de ter caído ali de pára-quedas e de não falar nem compreender a língua em que se debate nas assembleias. A imagem de uma assembleia estudantil transformada em mini-parlamento - em que "as intervenções são feitas pela ordem de representatividade das correntes politicas estudantis" - não parece coincidir muito com as discrições que se lêm noutros sítios. Mas registe-se a candura, Soeiro explica que estão a ser apresentados pelos media como «animais» (sic) e é aplaudido por todos, menos por um grupo de anarquistas (cinco, para ser mais concreto) que o «vetam» sem qualquer razão aparente, apesar das afirmações seguintes parecerem dar-lhes bastantes razões para o seu veto: "É pena, porque aquelas imagens mereciam ser vistas. Dizem muito mais sobre o que se passa do que qualquer montra partida." Neste ponto acompanho plenamente os cinco anarquistas da assembleia de arquitectura. As montras partidas dizem muito mais sobre o que se passa do que qualquer texto que José Soeiro publique no Esquerda.net E se os participantes na assembleia soubessem que Soeiro é deputado de um partido que recorre a esquemas como este, talvez a simpatia polida para com os «portuguese comrades» tivesse sido um pouco mais azeda. Este paternalismo de quem acha que sabe perfeitamente o que merece ou não ser visto, o que reflecte ou não o espírito do movimento, juntamente com este imaginário político que não vive sem arrumar tudo em gavetinhas bem etiquetadas (os representantes de cada facção estudantil como epicentro da assembleia) e que nem sequer renunciou à ritual denúncia do partido comunista, que não acompanha o movimento e que portanto é etiquetado de «partido da ordem», como se a «esquerda radical» com que simpatiza José Soeiro não tivesse feito o mesmo, como pudemos ler no esquerda.net: "Saudamos os estudantes, rapazes e raparigas, todos os jovens que não escondem a cara. [...] O nosso alvo é o sistema, e as suas injustiças para com a juventude. O nosso alvo não são as montras, os carros, as residências, os edifícios públicos. Estamos inequivocamente contra a violência cega."O nosso alvo é o sistema. Quanta ternura...
Rick Dangerous
O que se torna problemático é a posição do «portuguese comrade» que tenta «explicar» aos gregos o que mais lhes convém, apesar de ter caído ali de pára-quedas e de não falar nem compreender a língua em que se debate nas assembleias. A imagem de uma assembleia estudantil transformada em mini-parlamento - em que "as intervenções são feitas pela ordem de representatividade das correntes politicas estudantis" - não parece coincidir muito com as discrições que se lêm noutros sítios. Mas registe-se a candura, Soeiro explica que estão a ser apresentados pelos media como «animais» (sic) e é aplaudido por todos, menos por um grupo de anarquistas (cinco, para ser mais concreto) que o «vetam» sem qualquer razão aparente, apesar das afirmações seguintes parecerem dar-lhes bastantes razões para o seu veto: "É pena, porque aquelas imagens mereciam ser vistas. Dizem muito mais sobre o que se passa do que qualquer montra partida." Neste ponto acompanho plenamente os cinco anarquistas da assembleia de arquitectura. As montras partidas dizem muito mais sobre o que se passa do que qualquer texto que José Soeiro publique no Esquerda.net E se os participantes na assembleia soubessem que Soeiro é deputado de um partido que recorre a esquemas como este, talvez a simpatia polida para com os «portuguese comrades» tivesse sido um pouco mais azeda. Este paternalismo de quem acha que sabe perfeitamente o que merece ou não ser visto, o que reflecte ou não o espírito do movimento, juntamente com este imaginário político que não vive sem arrumar tudo em gavetinhas bem etiquetadas (os representantes de cada facção estudantil como epicentro da assembleia) e que nem sequer renunciou à ritual denúncia do partido comunista, que não acompanha o movimento e que portanto é etiquetado de «partido da ordem», como se a «esquerda radical» com que simpatiza José Soeiro não tivesse feito o mesmo, como pudemos ler no esquerda.net: "Saudamos os estudantes, rapazes e raparigas, todos os jovens que não escondem a cara. [...] O nosso alvo é o sistema, e as suas injustiças para com a juventude. O nosso alvo não são as montras, os carros, as residências, os edifícios públicos. Estamos inequivocamente contra a violência cega."O nosso alvo é o sistema. Quanta ternura...
Rick Dangerous
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