Porque a informação tem sido parca e os acontecimentos nos parecem relevantes, um local onde se reúnem documentos.

São tão necessários quanto bem-vindos todos os contributos, independentemente das posições ou perspectivas assumidas perante os factos, para faladagrecia@gmail.com.


quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

22 de Dezembro de 2008

Notícias:

Last night calm at the Polytechnic, solidarity gig tonight


Artigos:

La Grèce dans un nouveau tourbillon social


Vídeos pessoais:

21 de Dezembro de 2008

Documentos:

The revenge of normality shall not pass, neither at the Polytechnic nor anywhere else!

(Statement by the Occupied Athens Polytechnic, issued a few moments ago)

From Saturday 20th of December onward, following the clashes around the Athens Polytechnic (one of the tens of mass clashes between protestors and police that followed the assassination of 15-year old Alexandros Grigoropoulos) there has been strong speculation surrounding the occupation of the Athens Polytechnic.

Continuous information that has been coming in regarding a possible police raid in the occupied Polytechnic, combined with the strategic maneuvering of the riot police during the clashes, foretold the obvious: The police are preparing to raid the occupied university. Bypassing the senate, surrendering the Polytechnic to the police and the ministry of interior, the attorney general sent us an indirect yet clear message, with threats and blackmailing, that we have “a few hours” left.

We reply to them that the time we’ve got left is as much as the revolted part of the society decides and that we accept no ultimatums in this. That they’d better respect and fear all who participated, participate and will continue to participate in practices of revolt. It is precisely those, the thousands of revolted, of students, workers, unemployed, migrants and comrades that we call to a high alert at the space of the Polytechnic, ahead of the coming raid.

- We call everyone to a mass presence at the Athens Polytechnic campus

- We call for an open assembly today, Sunday 21/12 at 9pm

- We call for self-guarded concert of solidarity and financial support for the prisoners of the revolt. 6pm at the Athens Polytechnic

We shall have the last word

These days and nights belong to Alexis

Athens Polytechnic Occupation

21/12/08

(http://www.occupiedlondon.org)


Notícias:



Greek opposition widens lead over ruling party: polls

Nouvelle nuit de violence à Athènes

Athens Polytechnic occupation under imminent threat



Artigos:

Partir uma montra

O Daniel substituiu o parágrafo onde afirmava que os grupos violentos quase tinham destruido o movimento alterglobal por uma explicação mais alargada.

"Neste caso, como nas manifestações do movimento alterglobal, a violência de pequenos grupos é uma escolha, uma estratégia de comunicação de quem desistiu, ou não tem força, ou não tem capacidade de fazer política de outra forma. Em muitos casos tapam a cara e não se importam que sejam outros a responder perante o povo pelos seus actos. Ou, pior ainda, é puramente lúdica. Para partir uma montra basta uma pedra. A política que muda exige muito mais. Trabalho de sapa, de unidade, de argumentação. Sim, agora digo eu, não é um chá dançante."

Eu começo por dizer que do movimento "alter"global sei muito pouco. "Alter" foi um prefixo que a esquerda contigua ao Daniel escolheu para tentar limpar algumas conotações negativas destas mobilizações. Não creio que em algum momento tenha sido consensual um nome para o que se passou mas por facilidade de manejo uso e sempre usei "antiglobalização" ou "no-global". Dizer "Alterglobalização" é meramente cretino. Digo também que o que está em discussão não é uma posição de repúdio à violência mas a sustentação desta posição especifica.

Gostava de informar também que para partir uma montra não basta uma pedra. São necessárias pelo menos duas, uma para por o vidro plástico a vibrar e outra que atinja um ponto diferente por onde se romperá o vidro.

Repito que o Daniel ou é ignorante ou ardiloso. Os grupos "violentos" neste contexto, e em outros, nunca foram pequenos, principalmente porque a violência nunca foi sequer feita por "grupos" isolados. Sei que é uma história antiga da qual me dá preguiça falar mas veja-se qualquer um dos documentários amplamente disponíveis sobre Génova e como o grosso da violência ocorreu quando a policia pressionou a manifestação dos Tutti Bianchi e da Rifondazione e estes tiveram de responder para não serem massacrados. Isto não é uma fantasia revolucionária: veja-se o documentário feito a partir do que foi apurado em tribunal e os não poucos militantes da rifondazione a mandarem calhaus à policia, à revelia de muitos dos seus dirigentes. Há obviamente grupos cuja mobilização é exclusivamente motivada pelo confronto, de modo mais ou menos discutivel, mas é algo absurdo pensar que se esgotam nisso. Duvido muito que o Daniel se tenha sequer alguma vez cruzado com alguém que esteja organizado nesse modo.

A questão da identidade é antiga e acho desnecessário voltar a decorrer sobre ela. Que o Daniel a ponha nestes termos de "deixar que outros respondam por eles ante o povo" é extremamente pueril. Repito o básico: a policia tira fotografias e tira-as preventivamente, eu não quero que a minha actividade politica possa ser usada contra mim. O facto de o daniel assinar daniel e o rui assinar rui não lhes confere uma grama mais de dignidade discursiva do que eu assinar Party Program ou outros Rick ou Saboteur. Pensar que é uma especificidade cidadã que legitima uma opinião é algo bastante autoritário, aliás o nervoso miudinho que aflige quem se insurge contra esta prática é uma clara expressão das origens políticas dessa esquerda manhosa. Tal como o é pensar enquanto bárbara qualquer pessoa que não se expresse politicamente através de um reportório civico artificialmente consensual entre os poderes democráticos institucionalizados. Quando o Daniel assume que há quem atire um pedra por motivos meramente lúdicos mostra a tacanhez da sua reflexão e o profundo conservadorismo que a anima. Imaginamos que a missão do Daniel seja evangelizar os danados desta terra com instituições capazes de lhes resolverem os problemas. Felizmente não há muita gente que o leve a sério.

O Daniel termina com um dos meus modelos de danielada preferido: O de dizer uma enorme banalidade como se fosse um discurso do Martin Luther King: a politica faz-se com trabalho. Dêm-lhe um nobel pá.

Há toda uma geração de militantes de esquerda em Portugal cuja formação politica foi feita intimamente ligada ao PCP e ao PSR/BE, em parte porque não havia grande alternativa, e cujas vistas curtas sempre os impediram de sequer tentar perceber outros modos de actividade politica não organizados a partir das instituições. Não era preciso terem ido longe, aquilo que descobriram existir com o movimento no-global já existia há mais de 30 anos em Espanha, em França, na Alemanha, em Itália. Provocou no entanto em certos elementos uma cegueira voluntária, tingida de um certo tom de superioridade moral e intelectual que no fundo é só provincianismo. Quando o Daniel afirma que quem arremessa pedras à policia não têm qualquer sustentabilidade teórica ou construtiva fecha aos olhos a todo um mundo que em Portugal é algo subterrâneo mas que por exemplo em Itália e em Espanha tem muito mais força politica do que os amiguetes do BE.

Não sou o único a achar tudo isto, e quem o acha felizmente é capaz de o expor de modo bastante mais interessante do que eu, para além disso tem um nome a sério e não é um ilustre desconhecido. Até que enfim que alguém tem a coragem de afirmar o óbvio e chamar boçal a DO. Carlos Vidal no 5 dias

Party Program

(http://www.spectrum.weblog.com.pt/)

20 de Dezembro de 2008

Documentos:


Psalms of Planets

Riots in Greece | Designers reaction

http://www.flickr.com/

A collection of posters created by greek graphic designers, inspired by the latest event in Greece. The death of a 15 year old kid shot by a cop, and all the reasons that lead to clashes on the streets of Athens and several thousand people protesting at the government’s economic policies, as part of a general strike. RIP Alex.

Contemporary Greek Tragedy
riots2008-4riots2008-2
Contemporary Greek Tragedy + two more | Nassos K.

Dead On Arrival
Dead On Arrival | Petros Voulgaris Design Insane

We Don't Forget
We Don’t Forget | Seb Nikolaou seb design

So far So Good
So far So Good | Stavros Georgakopoulos til01

Target Group
Target Group | Aggelos Grontas black:white

Advertisement doesn’t need murdered 15 year olds. They don’t belong in a target group.

Are we all innocent
Are we all innocent? | Theodore Dounas ar_lav

Nea Dimokratia logo
Nea Dimokratia logo | Kaltsovrako

Run it
Run it! | dpgr

Disarm Police Now
Disarm Police Now | Christos Kourtoglou masterview_

Beware
Beware | Golfis golfis.deviantart

Sorry guys
Sorry guys | Théo gennitsakis

Different color same shit
Different color same shit | Theta75 Point of Design

You cannot fight stupidity
You cannot fight stupidity | B+

Shame to all of us
Shame to all of us | Dany Ef

Enough
Enough | Marios Zaharopoulos

Justify
Justify | George Strouzas

Visit the land of democracy
Visit the land of democracy | Geladakis Giorgos

Strawberry flavor
Strawberry flavor | Vlada Podroushnyack

be-lie-ve
be-LIE-ve | Aphrodite Ioannou afrouli

Athens 2008
Athens 2008© | Dionysis Livanis the design shop

Fountain of life
Fountain of life | Alexandra Kopanidou ant design
Who said that water is a fountain of life? In Greece, a bottle of water can kill you.

My Sweet Revenge
My Sweet Revenge | John Babalos

maria-01
Maria Mikro Analogo (one more)

Caution
Caution! | Stavroula V. Economou Purple Design (one more)

Apathy
Apathy | Mandy Damiraly THE DESIGN
Their apathy kills us

Trigger Black font

Trigger Black font | Giannis Aggelakos | sokalegga
Freedom needs courage and virtue

Bubble
Bubble | Dominika Lenart alargeuo
1. very thin rubber membrane, or another round shape, which inflates with air or other gas; ballon. 2.a. bubble, air, empty words b. something viewed as important, as ambitious and ultimately proved meaningless, empty and short-lived

03
Bullet | Nikos Tsoutis
The bullet that became a dot

barouti
Gunpowder | Yannis Kazantzoglou

Please let me breathe






Notícias:

Neighbourhood demonstrations across Athens; more anarcho-transportation actions and radio station occupations; demo at point of assassination set to start
800 schools and 200 university departments occupied; national theatre premiere stopped; international solidarity day is here


Artigos:


A besta

Aqui ficam, como resposta aos muitos comentários de desagrado por o que escrevi nos dois últimos posts sobre a violência na Grécia, algumas considerações sobre a violência e a política:

Ficou claro, desde o principio, que sou solidário com as razões das manifestações e que, como quase sempre, a esmagadora maioria dos manifestantes são pacíficos. O que aqui escrevo é sobre a violência e não sobre tudo o que se passa na Grécia, que é bem mais do que a violência e provavelmente bem mais significativo e interessante. No início, depois da morte de um jovem de 15 anos, compreendia-se algum excesso. Mas depois esperar-se-ia algum sentido político no que se vai fazendo. Mas há sempre uma minoria excitada que deita tudo a perder.

Não é difícil imaginar que estas manifestações, que começaram por ter a solidariedade de milhões de gregos, dificilmente terão grande simpatina popular depois desta “orgia de violência”. Mas para muitos isso é que é sinal de determinação: perder o máximo de apoio possível no mínimo de tempo possível. Isso sim, mudará alguma coisa. Em alguns blogues nota-se mesmo o pior dos sinais: a estitização da violência.

Sou, por princípio, contra a violência como arma política. Não por ser mais ou menos moderado, mas porque sou pacifista, o que, deixem-me que vos diga, é até bastante revolucionário. Posso, em casos limite, até compreender a violência, mesmo que me repugne. Não é definitivamente o caso da Grécia. São este tipo de imagens permanentes que quase destruíram os movimentos alterglobais, apesar dos que a eles se dedicam com tanto afinco não passarem de pequenas franjas das manifestações. São também eles que darão força à direita grega. A não ser, claro, que se ache incendiar lojas é uma questão de princípio, um sinal de firmeza política. A mim, em geral, parece-me sinal de fraqueza e de falta de rumo.

A violência política é sempre uma forma de brutalidade que aproxima quem a usa daqueles que dizem combater. A violência é sempre uma forma de bestialização humana, um sinal de estupidez, e, pior, uma forma de opressão. Sempre. A violência é o contrário da igualdade, da liberdade, da democracia em acção, da participação. É a lógica da lei do mais forte no que ela tem de mais animal. Por vezes até poderá ser inevitável. Todos nos lembramos de vários casos em que assim foi. Em casos mais do que extremos. Não é assim na Grécia, como é evidente.

Acredito que haja quem ache que isto é sinal de falta de vigor político. Que me irá explicar que a revolução (onde está ela?) não é um chá dançante, que violento não é o rio que tudo arrasta mas as margens que o oprimem (desculpem misturar Brecht com Arnaldo Matos). Não passa de retórica. Neste caso, como nas manifestações do movimento alterglobal, a violência de pequenos grupos é uma escolha, uma estratégia de comunicação de quem desistiu, ou não tem força, ou não tem capacidade de fazer política de outra forma. Em muitos casos tapam a cara e não se importam que sejam outros a responder perante o povo pelos seus actos. Ou, pior ainda, é puramente lúdica. Para partir uma montra basta uma pedra. A política que muda exige muito mais. Trabalho de sapa, de unidade, de argumentação. Sim, agora digo eu, não é um chá dançante.

A resistência pacífica, a desobediência civil e a imaginação são sempre mais eficazes. A violência é só a repetição do que se quer combater. Quando vejo alguém sacar de uma pedra ou de um cocktail molotov, de uma arma ou de um bastão, para libertar os outros, suspeito logo que um dia a sua força bruta, que agora se diz bem-intencionada, será dirigida a quem se prometeu a liberdade. Justificar a violência da contestação com a violência policial é só imitar o que se diz combater. Se as causas são outras, outros têm de ser os métodos. Porque os meios fazem os fins. Como podem combater a opressão mostrando como me irão oprimir?

Daniel Oliveira (http://arrastao.org/)




o último bastião entre nós e a barbárie é o Daniel Oliveira.

No arrastão o Daniel finca o pé ante a "orgia de violência". Eu duvido que o Daniel tenha mais informação da que dada por um par de jornais e eventualmente veiculado lá pelo equivalente grego do BE. Que o Daniel não ache grande piada à metodologia escolhida por uns quantos não é novidade e esta mesma discussão é mais ou menos recurrente, uma outra estrela de esquerda, o Rui Tavares, decorre sobre ela de modo bastante mais capaz nos comentários de um par de posts mais abaixo. Não tenho grande vontade de entrar na discussão já que nenhum dos lados está a apresentar argumentos novos ou brilhantes, eu por mim concordo que "a victória pertencerá a quem souber usar a violência sem a amar".

De qualquer maneira no arrastão está a seguinte Danielada:

"São este tipo de imagens permanentes que quase destruíram os movimentos alterglobais, apesar de não passarem de pequenas franjas dos com eles se manifestam"

Ou o Daniel é voluntariamente ingénuo ou é mentiroso. Eu pedia-lhe, Daniel, que me explicasse como é que os black blocs e tutti bianchi et al quase destruiram os movimentos "alter"globais...

Eu lembro-me da coisa de maneira algo diferente: Primeiro houve Seattle, inesperado, e Praga, selvagem. Circularam por todo o mundo as imagens dos motins e dos confrontos que deram uma atenção mediática inesperada a movimentos que voavam debaixo do radar. Depois houve Génova, um banho de sangue. E SÒ DEPOIS chegou o bloco com todos esses militantes reciclados que mudaram o nome de anti para alter e que foram a Espanha apanhar chapadas. E depois o movimento alterglobal morreu. O Negri dirá mais ou menos isto na Multitude. Ainda me lembro do Jorge Costa, falando em nome de um partido que só por acaso passou em Génova, estar a dizer num qualquer debate quem era e quem não era parte do movimento no-global, a situação não é só asquerosa, é também extremamente ridícula

[Party Program]
(http://www.spectrum.weblog.com.pt/)


Vídeos pessoais:


19 de Dezembro de 2008

Documentos:

(Self) destruction is creation

(collective translation of a leaflet circulated in the occupied Athens School of Economics and elsewhere, written by the “girls in revolt”)

We won’t forget the night of December 6th that easily. Not because the assassination of Alexis was incomprehensible. State violence, as much as it might try to construct itself into more productive formations of sovereignty, will endlessly return to dear and archetypal forms of violence. It will always retain within its structure a state disobeying the modernist command for discipline, surveillance and control of the body - opting, rather, for the extermination of the disobedient body and chosing to pay the political cost coming with this decision.

When the cop shouts “hey, you”, the subject to which this command is directed and which turns its body in the direction of authority (in the direction of the call of the cop) is innocent by default since it responds to the voice reproaching it as a product of authority. The moment when the subject disobeys this call and defies it, no matter how low-key this moment of disobedience might be (even if it didn’t throw a molotov to the cop car but a water bottle) is a moment when authority loses its meaning and becomes something else: a breach that must be repaired. When the manly honour of the fascist-cop is insulted he may even kill in order to protect (as he himself will claim) his kids and his family. Moral order and male sovereignty - or else the most typical form of symbolic and material violence - made possible the assassination of Alexis; they proped the murder, produced its “truth” and made it a reality.

Along with this, at the tragic limit of a death that gives meaning to lives shaped by its shade, revolt became a reality: this incomprehensible, unpredictable convulsion of social rhythms, of the broken time/space, of the structures structured no more, of the border between what is and what is to come.

A moment of joy and play, of fear, passion and rage, of confusion and some consciousness that is grievous, dynamic and full of promises. A moment which, regardless, will either frighten itself and preserve the automations that created it or will deny itself constantly in order to become at each moment something different to what it was before: all in order to avoid ending up at the causalıty of revolts suffocated ın normalıty, revolts becoming another form of authority whilst defending themselves.

How did this revolt become possible? What right of the insurgents was vindicated, at what moment, for what murdered body? How was this symbol socialised? Alexis was “our Alexis”, he was no “other”, no foreigner, no migrant. High school students could identify with him; mothers feared losing their own child; establishment voices would turn him into a national hero. The body of the 15-year old mattered, his life was worth living, its ending was an assault against the public sphere - and for this reason mourning Alex was possible and nearly necessary. This sphere turned against a community us who revolted don’t identify with, exactly like Alexis did not identify. This is a community, regardless, in which many of us many have the priviledge to belong since the others recognise us as their own. The story of Alexis will be writen from its end. He was a good kid, they said. The revolt, which we would have been unable to predict, became possible through the cracks of authority itself: an authority deciding what bodies matter in the social network of relations of power. The revolt, this hymn to social non-regularity, is a product of regularity… It is the revolt for “our own” body that was exterminated, for our own social body. The bullet was shot against the society as a whole. It was a wound on every bourgeiois democrat who wants their own security to be reflected upon the state and its organs. The bullet was a declaration of war against society. The social contract was breached - there is no consensus. The moral and political act of resistance became possible, understandable, just, visible at the moment when it came under the terms and conditions of justice of the dominant symbolic order encompassing the social fabric.

This starting point does not cancel the righteousness of the uprising. Because the dominant Speech, the authority that gives name, shape and meaning to things, the range of dominant ideas from which the concept of social segmentation derives so as to control the hierarchical social relations have all already excluded the “hooded youths” from this community. They have cornered them at the community’s dangerous borderline in order to set the limits of disobedience.

They tell us to resist but not in this fashion, they say, because it is dangerous. What the social legitimation we came across at the beginning of all this has got to tell us is that even if we are tangled in the web of authority, even if we are its creations, we are inside and against it; we are what we do in order to change who we are. We want this historical moment to adopt the content we have set ourselves and not the meanings from which it can escape overnight.

It is not possible for this authority to bloodlessly cross the boundary between obedience and autonomous action, since if the rebels need to muster up their masculinity in order to fight the cop, they need to question it at the same time because it constitutes the authority they use to fight the cop. And this ambivalence lies at the heart of our subjectivity, it is a contradiction that tears us apart and forms the moral splendour that takes place in the margins of the rebellion, outside and inside us, on the quiet nights when we wonder what is going on now, what has gone wrong, and we can only hear silence.

Nothing exists without the meaning assigned to it. Resistance strategies can turn into strategies of authority: Chaos will recreate a hierarchy in social relationships unless we fight with ourselves while fighting the world, some selves that we formed as part of this world: we have grown within the moral and political limits this world sets, within the moral-political ties in which the self comes into being… It will recreate itself into a hierarchy, should we not bring off male macho behaviour that goes berzerk and gets carried away by emotion, should we adopt positions that densify in positions of authority.

girls in revolt



Notícias:

Greek youths attack French institute, students march
«Xavier Darcos a reculé, mais nous lui demandons des garanties»
Nouveaux heurts entre police et manifestants en Grèce
Yet another TV station occupied; fresh demos in Athens and Thessaloniki; final build-up for international day of action against state murders


Artigos:

Les enfants de la corruption - Takis Théodoropoulos

18 de Dezembro de 2008

Documentos:




Notícias:

Tamanho do tipo de letra

A Grécia entra no 13º dia de protestos

Protesters battle Greek police, flights grounded
En Grèce, un lycéen blessé par un tir d'origine inconnue
Student demo ends; stations occupied across the country; trade union building in Patras also occupied
Student demo heavily tear gased in Athens
Student shot in Peristeri, Athens; student demo set to start


Artigos:

Segunda semana de protestos na Grécia - Revolta popular
A comic on Alexandros

Grécia, «anarquistas» e outras coisas

Para quem não percebeu, há dois dias de solidariedade internacional com as lutas sociais na Grécia. Um é no sábado, dia 20 de Dezembro e foi convocado pela assembleia de ocupação da Faculdade de Economia/Politécnico de Atenas. O outro é hoje e foi convocado pelo Synaspismos (bloco de esquerda grego) e pelo Partido da Esquerda Europeia. Deixo à vasta comunidade de leitores do Spectrum o juízo sobre esta iniciativa, de desdobrar em dois dias a solidariedade internacional, e o interesse do Partido da Esquerda Europeia em que tal aconteça.
Para que se entenda melhor do que se trata, interessa talvez ter em conta a declaração do secretário-geral da nova esquerda grega, disponível no
Esquerda.net: "Saudamos os estudantes, rapazes e raparigas, todos os jovens que não escondem a cara. [...] O nosso alvo é o sistema, e as suas injustiças para com a juventude. O nosso alvo não são as montras, os carros, as residências, os edifícios públicos. Estamos inequivocamente contra a violência cega. [...] Na nossa opinião, a saída para o Estado é pedir desculpa, na prática. E isso significa que o governo deve promover, imediatamente, uma série de medidas; empregos para os jovens; educação de qualidade, com fundos suficientes e livre acesso às universidades; espaços públicos para os jovens se reunirem, se divertirem, namorarem; reforma democrática da força policial. [...] Chamamos a juventude a envolver-se numa luta para expulsar este governo de uma forma militante, radical e pacífica, e avançar para uma grande mudança que dê fundos, emprego e educação de qualidade às próximas gerações."
Não sei se é claro - de um lado estão os de cara tapada e a sua lamentável violência cega, do outro está a «juventude» ou seja, o rebanho de figurantes radicais e pacíficos com os quais provocar a queda do governo de direita e concretizar uma política de esquerda, com espaços públicos para os jovens se divertirem e namorarem enquanto o Estado pede desculpa. Falta aqui perceber porque razão se exige numa frase que o governo tome uma série de medidas e noutra frase se apela a uma luta para expulsar esse mesmo governo cujas medidas se desejam. Ainda que a Lógica tenha sido inventada naquela parte do mundo, a esquerda «radical» grega parece ter ficado fora da lista de distribuição.

Mais perto e mais significativo é o texto de Rui Tavares no Público. Não vou comentar as recomendações dadas aos líderes mundiais sobre a necessidade um novo contrato social. Cada um tem o seu programa e o Rui tem o mérito inestimável de deixar o seu bem claro. Espero até que os líderes mundiais lhe dêm ouvidos, embora não conte muito com isso. O que realmente me apetece comentar é o último parágrafo: "Em Espanha, 1936, até os anarquistas aceitaram entrar no governo, e logo com a primeira mulher ministra no país — Federica Montseny. É algo que talvez os “anarquistas” gregos de hoje desconheçam. Mas sei que assustou muito mais os fascistas do que qualquer montra partida."
Note-se que o Rui coloca sobre aspas os «anarquistas» gregos que enfrentam a polícia mas não segue a mesma opção no que toca à direcção da CNT durante a Guerra civil espanhola. Já em Abril de 2007 fiquei surpreendido quando o
Daniel Oliveira se referiu à "já habitual excitação de pessoas que, na minha opinião, confundem a tradição anarquista e libertária com uma moda tribal adolescente e que se comportam como qualquer hooligan de uma claque de futebol."
Não pretende definir aqui a ontologia da acracia, mas estranho este contraponto entre um anarquismo sem aspas, empenhado não sei bem em quê, que participa em governos mas renuncia a qualquer forma de violência no confronto com o Estado, e um outro «anarquismo» que seria apenas a cobertura ideológica a que algumas pessoas (não se sabe bem porquê) teriam necessidade de recorrer para destruir coisas e enfrentar a polícia. Do ponto de vista historiográfico não encontro grande justificação para estas aspas. Um historiador como o Rui deveria saber (pelo menos se deseja falar sobre o assunto) que a entrada de dirigentes anarco-sindicalistas para o Governo republicano foi tudo menos pacífica e consensual no interior da CNT-FAI.

Para levar a coisa um pouco mais longe, seria ainda necessário ter em conta o facto histórico fundamental que aqui se pretende iludir - o levantamento franquista de 19 de Julho de 1936, em Barcelona, foi esmagado em dois dias pelos mesmos anarco-sindicalistas que nos anos anteriores se haviam caracterizado por actos insurrecionais e bombistas, trocas de tiros com as forças da ordem, prisões e deportações frequentes, exproprios, sabotagens e perturbações da ordem pública. Eram descritos pela imprensa espanhola exactamente nos mesmos termos em que a imprensa se refere actualmente aos «vândalos», «extremistas» e «violentos». A imagem heróica que se pretende agora recuperar de um anarco-sindicalismo espanhol generoso e pacífico, seriamente empenhado na defesa da República, resiste mal à leitura da bibliografia de referência sobre a guerra civil espanhola, a começar pela de Pierre Broué, um dos mais eminentes especialistas no tema. Não apenas os conflitos foram frequentes entre o governo republicano e a organização confederal, como esta última foi várias vezes ultrapassada pela acção directa espontânea da sua base, empenhada em não separar a revolução social da guerra em curso. O trágico epílogo de tudo isto torna o exercício da última frase do Rui particularmente infeliz. É que em Maio de 1937 algumas brigadas do exército dominadas pelo PCE tentaram ocupar a central telefónica auto-gerida de Barcelona e foram rapidamente dissuadidas por um levantamento popular. A resposta do governo republicano foi transportar tropas da frente (o que certamente agradou a Franco) para fazer face aos insurrectos, a resposta da direcção da CNT-FAI foi apelar à calma e a resposta do Komintern foi fazer desaparecer alguns elementos incómodos nas suas prisoes. Os meses que se seguiram foram assinalados pela repressão levada a cabo contra os anarquistas por parte do Governo Republicano, o que certamente assustou menos os fascistas do que a destruição de montras.

Na senda pela unidade da Esquerda de que ultimamente se fez paladino, o Rui Tavares ensaia algumas simplificações históricas tacticamente úteis, mas politicamente funestas. É que os «anarquistas» gregos conhecem, porventura bem demais, a experiência da guerra civil espanhola (tal como a sua própria guerra civil) para escutar tão piedosos conselhos. E talvez o próprio Rui fizesse bem em conhecer melhor as razões históricas pelas quais a «esquerda» portuguesa esteve dividida nos últimos 30 anos. No ensaio de guerra civil que aqui teve lugar em 1975, a linha de demarcação passava bem no meio do que agora se pretende ver unido. Seria de perguntar, ao Major Tomé e a Manuel Alegre, juntos agora na Aula Magna, onde estavam no 25 de Novembro de 1975. E talvez a resposta fosse mais elucidativa para ilustrar o debate em curso à esquerda do que uma referência superficial a Federica Montseny.

17 de Dezembro de 2008

Documentos:



Impressões


Comunicado da Ocupação da Sede Sindical

(dia 17 um grupo de trabalhadores ocupou a sede da confederação sindical. esta é a sua declaraçã)

Nós, trabalhadores manuais, empregados, desempregados, trabalhadores temporários, locais ou imigrantes, não somos telespectadores passivos. Desde o assassinato de Alexandros Grigoropoulos na noite do sábado temos participado nas manifestações, nos confrontos com a polícia, nas ocupações no centro e nos bairros. Uma e outra vez tivemos que deixar o trabalho e nossas obrigações diárias para tomar as ruas com os alunos do secundário, os estudantes universitários e os demais proletários em luta.

DECIDIMOS OCUPAR A SEDE DO GSEE (Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos)

-Para convertê-lo em um espaço de liberdade de expressão e um ponto de encontro para os trabalhadores

-Para desmentir a falácia espalhada pelos meios de comunicação que nos situa, aos trabalhadores, à margem dos confrontos, e que mostra a raiva de estes dias como o assunto de aproximadamente 500 "encapuzados", "hooligans" ou qualquer outra invenção, enquanto os écrans de televisão nos apresentam como vítimas do confronto, enquanto a crise capitalista na Grécia e no mundo inteiro dá lugar a incontáveis despedimentos que os meios de comunicação e seus gestores tratam como um "fenómeno natural"

-Para combater e desmascarar o papel da burocracia sindical na sabotagem da insurreição, e não só aí. O GSEE e todo o mecanismo sindical no qual se tem apoiado durante décadas e décadas, sabota as lutas, negocia nossa força de trabalho por migalhas e perpetua o sistema de exploração e escravidão assalariada. A postura do GSEE da quarta-feira passada é bastante reveladora: o GSEE cancelou a manifestação de trabalhadores que estava programada, acabando de repente a organização de uma pequena reunião na praça Syntagma, procurando assegurar deste modo que as pessoas se afastassem o mais rápido possível da praça, já que temiam que os trabalhadores nos víssemos infectados pelo vírus da insurreição.

-Para abrir este espaço pela primeira vez -como uma continuação da abertura social gerada pela própria insurreição -, um espaço construído com nossas contribuições, e do qual fomos excluídos. Durante todos
estes anos confiamos nossos destinos em salvadores de todo o tipo, e terminamos perdendo nossa dignidade. Como trabalhadores devemos começar a assumir nossas responsabilidades, e deixar de ceder nossas
esperança a bons líderes ou representantes "aptos". Devemos ter a nossa própria voz, encontrar-nos e reunir-nos, falar, decidir, e actuar. Contra o ataque generalizado que suportamos. A criação de resistências colectivas "de base" é o único caminho.

-Para propagar a ideia do auto-organização e a solidariedade nos postos de trabalho, os comités de luta e as práticas colectivas desde a base, abolindo os burocratas sindicais.

-Todos estes anos aguentamos a miséria, a resignação, a violência no trabalho. Chegamos a acostumar-nos a contar os mutilados e os nossos mortos -os incorrectamente chamados "acidentes de trabalho". Acabamos
acostumando-nos a olhar para o outro lado ante a morte dos imigrantes -nossos companheiros de classe-. Estamos cansados de viver com a ansiedade de termos que assegurar um salário, de pagar uns impostos, e uma pensão de reforma que agora parece um sonho distante.

Tal como lutamos para não abandonar as nossas vidas nas mãos dos chefes e dos representantes sindicais, do mesmo modo não abandonaremos os rebeldes detidos nas mãos do estado e do sistema jurídico.

LIBERTAÇÃO IMEDIATA SEM ACUSAÇÃO DOS DETIDOS

AUTOORGANIZAÇÃO DOS TRABALHADORES

GREVE GERAL

ASSEMBLEIA DE TRABALHADORES DO EDIFÍCIO "LIBERTADO" DO GSEE
Quarta-feira, 17 de Dezembro de 2008, às 18 horas

Assembleia Geral de Trabalhadores Insurgentes
(http://www.midiaindependente.org)



Carta aos estudantes escrita por trabalhadores atenienses

Nossa diferença de idade e o distanciamento geral nos dificultam discutir com vocês nas ruas; esta é a razão por que nós mandamos esta carta.

A maioria de nós ainda não está careca, nem nos pintou uma barriguinha. Somos parte do movimento de 1990-91. Devem ter ouvido falar dele. Naquele momento, quando havíamos ocupado nossas escolas durante 30-35 dias, os fascistas mataram um professor porque foi mais além da sua função natural (o de ser nosso guardião) e cruzou a linha que levava ao lado oposto: veio conosco, para nossa luta.

Então, até o mais brando de nós foi às ruas nos distúrbios. Sem dúvida, nós nem sequer pensamos em fazer o que tão facilmente fazem vocês hoje: atacar delegacias (ainda que cantávamos aquilo de "queimar delegacias...").

Assim francamente, vocês foram muito mais além que nós, como ocorre sempre na história. As condições são diferentes, é claro. Nos anos 90 nos compraram com a desculpa do êxito pessoal e alguns de nós nos entregamos. Agora as pessoas não acreditam neste conto de fadas. Vossos irmãos maiores nos demonstraram durante o movimento estudantil de 2006-07. Vocês agora lhes cuspam seu conto de fadas na cara.

Agora começam as boas e difíceis questões

Para começar, lhe dizemos que o que temos aprendido de vossas lutas e de nossas derrotas (porque ainda que o mundo não seja nosso, sempre seremos perdedores) e podem empregar o que temos aprendido como queiram:

Não fiquem sós. Chamem-nos; chamem a tanta gente como seja possível. Não sabemos como podeis fazê-lo, encontrarão a forma. Já ocuparam vossas escolas e nos dizem que a razão mais importante é que não gostam delas. Bem. Já que ocuparam, invertam o rol de prioridades. Troquem vossas ocupações com outras pessoas. Permitam que vossas escolas sejam o primeiro lugar para nossas novas relações. Sua arma mais potente é nossa divisão. Tal e como vocês não temeram atacar as delegacias porque estão unidos, não temam chamar-nos para mudar nossas vidas, todos juntos.

Não escutem nenhuma organização política (nem anarquista nem outra qualquer). Façam o que necessitem. Confiem no povo, não em esquemas e idéias abstratas. Confiem em vossas relações diretas com as pessoas. Confiem em vossos amigos: façam da vossa luta a de quanto mais gente for possível, vossa gente. Não lhes dêem ouvidos quando te disseres que vossas lutas não têm conteúdo político e que deveriam obtê-lo. Vossa luta é o conteúdo. Tão só tenham vossa luta e está em vossas mãos assegurar o seu avanço. Tão só ela pode mudar vossa vida, a vocês e as relações reais com vossos companheiros.

Não temam atuar quando enfrentarem coisas novas. Cada um de nós, agora que nos fazemos maiores, têm algo semeado em seu cérebro. Vocês também, ainda que sejam jovens. Não esqueçam a importância deste fato. Em 1991, nos enfrentamos com o cheiro de um novo mundo e, acredite-nos, o encontramos difícil. Havíamos aprendido que sempre deve haver limites. Não temam a destruição de mercadorias. Não se assustem ante os saques de lojas. O fazemos porque é nosso. Vocês (como nós no passado) foram criados para levantarem todas as manhãs visando fazer coisas que mais tarde não serão vossas. Recuperemo-las e compartamo-las. Tal e como fazemos com nossos amigos e o amor.

Pedimos desculpas para vocês por escrever esta carta tão rapidamente, mas fazemos isso ao ritmo do trabalho, em segredo para evitar que dela se intere o chefe. Somos prisioneiros no trabalho, como vocês na escola.

Agora mentiremos aos nossos chefes e deixaremos o trabalho: reunir-nos-emos com vocês em Syntagma com pedras nas mãos.

Proletários
(http://www.midiaindependente.org)



Uma nova carta de Atenas

Excerto duma carta do P., um amigo italiano em Atenas.

Atenas, 2008.12.15

Olá pa,

Pus o cartão italiano no telemóvel e vi a tua mensagem. Não te preocupes: estou bem. A falta de notícias è devida à impossibilidade de encontrar o lugar e o tempo para escrever-te, mas como se preocupam para mim, eis as news:
[...]
A situação vai-se normalizando (logo te explico o que isso quer dizer). Já não há as grandes batalhas, as devastações e os saqueios dos primeiros dias. Começa-se a reconstruir. A cidade lembra-me um bosque dos nossos vales [do norte da Itália] antes da primavera, quando todas as árvores estão ainda completamente desfolhadas e só as cerejeiras já florescidas se distinguem, destacam-se por seus fatos brancos. Ora, Atenas é igual pelos prédios queimados. Não são muitos mas dão nas vistas; de vez em quando um aparece à esquina... uma loja de carros, om banco, um supermercado. Um meu amigo disse-me que acha graça perguntar-se quantos destes esqueletos não estivessem assim antes da revolta; até descobrir que nem anteriormente a situação era cor-de-rosa... E isto explica muitas coisas.

Os últimos choques espalhados aconteceram sábado na ocasião da primeira semana depois do assassinato. Uma manifestação logo atrás da outra, choques no bairro Gazi e na Exarchia com a utilização abundante de fogos artificiais pelos manifestantes, muitas concentrações pacíficas e manifestações espontâneas durante todo o dia e toda a noite.
Eu andei ao calhas como um pião até me juntar a uma marcha espontânea de pessoas que voltavam para o centro. É desaconselhável circular sozinho enquanto ocorrem acções... Não há do que ter medo mas a polícia segreda e os fascistas são uma realidade e podes vê-los divagarem à volta das marchas e das faculdades. A marcha em que estava invadiu a rua, mas, embora se mantivesse quase totalmente pacífica, foi parada pela polícia que cortou a passagem à frente e atrás. Consegui fugir com outro menino até o ASOE, um covil anárquico.

Lá soubemos que 37 pessoas foram bloqueadas pela manobra da polícia e presas. Os anárquicos decidiram então responder queimando um banco. Prontos e armados saíram do ASOE, mas voltaram logo depois quando um cocktail molotov entrou por engano numa casa. Quase acabaram por bater-se. Então fui para casa: do meu ponto de vista a coisa está a perder-se. Concretamente as manifestações estão nas mãos dos anárquicos do ASOE e do Politécnico, mas são acções escolhidas, assaltos a bombas de gasolina e rápidos raids incendiários contra bancos ou objectivos governamentais como ministérios ou esquadras da polícia. A resistência já não é difundida e de todas as maneiras segue pacífica, contudo as manifestações continuam sem parar.

Além da crónica.

A situação está "normalizada", como já te disse, numa completa anormalidade.O facto de não haver saqueios em todo lado não significa que tudo esteja como dantes. O clima que se respira, o ar é diferente. Vê-se em muitas pequenas coisas. Realmente pode-se ir trabalhar de manhã, mas os semáforos foram quase todos totalmente destruídos. Consegues imaginar uma metrópole do tamanho de Atenas, com 5 ou 6 milhões de habitantes, caótica e desordenada como Atenas sabe ser, sem código da estrada? Isto significa que deslocar-se do ponto A até o ponto B da cidade pode demorar um tempo indeterminado que pode mudar de várias horas segundo o dia ou o momento... E nem falo sequer das marchas contínuas.

Ninguém atreve-se a intervir em nada. Adolescentes que devastam cabines telefónicas ou queimam multi-bancos... e ninguém diz nada... nem sequer a polícia.Os polícias andam só em grupos, todos juntos, mas nunca intervêm. Têm medo, só esperam para o turno acabar e as pessoas sabem, todos sentem-no. Cada um faz o que quer, desde atravessar onde é proibido até atirar-lhes lixo em cima.
Só para te dar um exemplo. Ontem pelo centro passou um Porsche. Um homem que estava a atravessar (um homem normal - nos 40 - de fato e com mala) parou, recolheu uma pedra e ...atirou-lha!
Nada de transcendente, percebes? Mas a gente está a acostumar-se ao absurdo.

O ASOE, quase todos os dias, faz irrupção num supermercado e leva tudo para abastecer a cantina auto-gerida e gratuita... Isto poderia continuar durante muito tempo.

O custo da vida é altíssimo, os ordenados dos mais baixos na Europa. Já ninguém acredita no conto para crianças da democracia.

Costuma-se considerar a Grécia como algo "fora" da Europa, como choques no Líbano ou sei lá... Pode-se pensar o que se quiser, mas a Grécia está na Europa. Eu vivo aqui, fogo! Talvez seja um nervo destapado, mas faz parte do nosso sistema democrático. O que está a acontecer aqui leva a reflexões que deveriam envolver-nos a todos sobre o nosso sistema de governo a colapsar, até os EUA sentiram a necessidade estética de limpar-se a cara através da eleição do Obama.
A separação entre estado e cidadãos aqui é concreta.. podemos respirá-la no ar. A hostilidade das pessoas contra os polícias (deveriam ser os nossos anjos de guarda, mas aqui obviamente ninguém acredita)... O que se diz na Itália - os polícias são servos dos servos, o poder replica-se a si mesmo, o objectivo da política é o obter votos, etc. - aqui vê-se em concreto, devido a problemas estruturais gravíssimos que primeiramente a Grécia já não consegue esconder.
O mesmo que, de maneira mais subtil, se perpetua em cada país ocidental; e deveria fazer reflectir que o incêndio esperava, há anos, por baixo das cinzas assim como em cada subúrbio da Europa. Mas a centelha explodiu de repente, em poucas horas e sem nenhum aviso prévio.

Como se acostuma dizer... O rei está nu...

E agora?

(http://exarchialx.blogspot.com)



Notícias:

Sindicato pelego grego é ocupado

Protesters at Acropolis urge Europe-wide protest
Sindicatos y movimientos antirracistas hacen causa común con el levantamiento juvenil en Grecia
Sindicalistas burocratas e direitistas tentam recuperar edifício ocupado
Bureaucrats attack the occupation of the workers confederation but are driven away; another riot police van burnt; rioting erupts in Patras
General confederation of workers building occupied; Acropolis “solidarity” banner hanged; government calls TV occupation “attempt to overthrow democracy”

Artigos:


Statement of Solidarity with the Comrades in Greece, by the Disabled Far, Far Away


Videos pessoais:


16 de Dezembro de 2008

Documentos:

NADA TERMINOU - AINDA ESTAMOS NO COMEÇO - DECLARAÇÃO

Estamos passando do 6o. para o 7o. dia do levante e tudo parece que acabou de COMEÇAR! As ações não estão acalmando, estão crescendo cada vez mais, sucessivas e irrefreáveis.

NADA TERMINOU - AINDA ESTAMOS NO COMEÇO - DECLARAÇÃO

Estamos passando do 6o. para o 7o. dia do levante e tudo parece que acabou de COMEÇAR! As ações não estão acalmando, estão crescendo cada vez mais, sucessivas e irrefreáveis.

Quem está por trás deste Levante? Quem são aqueles cujas as ações e energia estão mantendo a chama acesa?

Os anarquistas?
Os estudantes?
Os imigrantes?
Os desempregados?
A juventude rica dos subúrbios do norte e do sul?
Os ciganos?
Os vândalos?
Os trabalhadores?

Todos estes e muitos mais são o motor do levante! E todos aqueles que juntos estão forjando a chama irrefreável que começou quando o assassinato tosco e impensável de Alexis de 15 anos chocou a Grécia no sábado a noite. Todos nós com nossas diferenças estamos deixando nossa marca na história e no planeta. Este levante não somente vai continuar, mas também vai ser difundido por toda a Europa e o resto do mundo.

Neste ponto, o pânico do governo é justificado, apesar de que nada desculpa, nada justifica, nada é tolerável com relação à orgia de violência sem precedentes que o governo está desencadeando. Ainda pior pois esta violência não só não é gravada, mas também é insuportavelmente torcida pela mídia humilhante.

Nossos companheiros sofreram espancamentos sem motivo, estudantes também estão sendo espancados, fascistas sacam suas armas a seu bel prazer, policiais atuam sem controle, vidas de imigrantes estão em perigo, e tudo que a mídia consegue ver são lojas quebradas e saques "criminosos". Para o seu próprio azar, pois tudo que sobrou são alguns empregados domésticos idosos, e algumas pesoas assustadas, junto com os fascistas.

Nossa ira não tem limites, e por isso a partir de agora eles devem ser cuidadosos. O levante transforma o impossível em possível. É o sonho realizado, após o pesadelo ter terminado. Porque, companheiros, era um pesadelo que vivíamos nos subúrbios do Oeste, em Atenas, e também no resto do mundo.

Numa cidade feia e afogada,
para cuspir nossa miséria diária,
para matar nossa fantasia,
para ter medo das outras pessoas,
para sermos deixados sozinhos, sem ajuda em nossa inabilidade,
para sermos bombardeados por falsas propagandas,
para pensar que nós merecemos o que temos e não o que acreditamos.

Alex, estamos envergonhados porque seu sangue foi necessário para que acordássemos do pesadelo e vivêssemos o sonho da vida. Você nos vê envergonhados, mas os outros ficarão aterrorizados com um medo que fluirá por suas entranhas.

A primeira coisa foi quando policiais se vestiram de manifestantes para seqüestrar estudantes para os calabouços de suas delegacias.

SEM PIEDADE PARA ELES!
ELES NÃO PODEM SE ESCONDER DE NÓS!

A punição está vindo, e nenhum governo vai salvá-los. Vocês, que espalham a pior das ideologias, a derrota vil, o medo ultrajante, e tudo isso somente para serem poupados. Vocês não sairão ilesos com isso!

E não somente os que fazem o descrito acima. TODOS os partidos do parlamento vivem em sua agonia, e se mantém distantes, para acalmar a revolta.

A classe trabalhadora não pode imaginar suas vidas sem suas lojas, seres desidratados que vivem somente para coleção de dinheiro, eles vivem, mas vivem com medo. Eles não têm que ter tanto medo! A não ser aqueles que agem e corroboram com o poder assassino, o resto será deixado a sua própria miséria.

E parabéns para aqueles da classe trabalhadora que se superaram e se envolveram do lado certo nestes atos! Não importa quantos são, não são poucos! Mas, escrevemos demais sobre a classe trabalhadora.. A história está sendo escrita agora, com todas as forças e essas forças vão ganhar incrivelmente mais poder com sua presença nos próximos dias.

Após 6 dias de colisão colossal, HOJE o segundo round está prestes a começar com o os novos marcos e mais resistência.

HOJE é o novo encontro da História às 12h em Propylaia (centro de Atenas). Haverá estudantes do ensino médio que sentiram a pior violência policial, estudantes de universidade dos levantes de 2006-2007. Haverá trabalhadores que não vão para o trabalho e que nos últimos dias têm olhado para seus patrões de uma maneira diferente. Haverá imigrantes que por muitos anos já sabem o que é uma ditadura. Estaremos também nós dos subúrbios do Oeste, que por décadas estivemos separados pelo mais ridículo regionalismo.

TODOS NÓS ESTAREMOS LÁ!

Estamos sendo acusados do levante estar inarticulado, cego e contraproducente. De não sabermos o que queremos e nem mesmo o que não queremos. De sermos ladrões e destruidores.

Todos nós sabemos o que queremos e o que não queremos.

Não queremos policiais mercenários aterrorizando adolescentes.
Não queremos guerra química que entope nossos pulmões e cega nossos olhos.
Não queremos M.A.T. (unidades de reestabelecimento da ordem), leões-de-chácara, cafetões parasitas, órgãos profissinais de violência e imposição.
Não queremos ar poluído, florestas queimadas, concreto que destrói a terra.
Não queremos cadeias que destróem humanos, leis absurdas para erva, câmeras que gravam nossas vidas para proteger a propriedade sem vida.

Neste manifesto por vida após o levante, nós demandamos e impomos:

1. Liberdade para o centro de Atenas, sem carros, e com pedestres, ciclistas e crianças.

2. Transformação dos prédios destruídos dos bancos em asilos para os pobres, livrarias e pontos de internet de graça, assim como coffee shops.

3. Transformação das delegacias de polícia destruídas em cozinhas comunitárias que oferecerão comida orgânica de graça para qualquer um que precise.

4. Copyleft para todo material espiritual e informativo, e internet de graça com fibras óticas modernas.

5. Supressão do uso do petróleo e do gás, e substituição destes produtos nas casas e meios de produção por placas solares ultramodernas e outras formas de energia pioneiras e totalmente recicláveis.

6. Expropriação das casas de prostituição ilegais sustentadas pela polícia e liberdade para as mulheres que são forçadas abusivamente a trabalhar lá. Reconhecimento positivo da sexualidade das mulheres como um direito que será praticado com sua própria vontade e espontaneamente por elas mesmas, sem piedade aos estupradores e pedófilos.

7. Investida contra as cadeias e liberdade a todos, exceto àqueles acusados de pedofilia, estupro, racismo, escravidão infantil e assassinato.

8. Prioridade às crianças pequenas e sua necessidade de brincar, de afeto, amor e alegria.

9. Infraestrutura de educação e saúde de graça, com restrição à arbitrariedade e poder daqueles que lá trabalharem. Relações amigáveis, compreensivas e abertas entre médicos e pacientes, professores e alunos.

10. Transporte de graça e encorajamento do uso de bicicletas na cidade, simultaneamente com extensão das linhas de trem por todo o território.

Estas são, grosso modo e sucintamente, tudo que queremos e conseguiremos. Podem haver algumas questões essenciais faltando, e não devem ser consideradas com menos importância.

Sabemos que nosso movimento atingiu interesse global e acima de tudo inspira um levante global. Pensamos bastante para escrever esses 10 pontos "do que queremos". Num momento em que as ferramentas do poder estão curtas de recursos, nós oferecemos nosso suporte para os palestinos que perdem vários Alex todos os dias para o governo Israelense, que por sua vez está se preparando para enviar novos suprimentos de gás lacrimogêneo e equipamento anti-protesto para o governo Grego.

É o destino que fez com que em tempos de internet este levante pudesse ser levado para incendiar todo o mundo. Para fazer saber que o sangue de um garoto de 15 anos não pode ser substituido por todo o dinheiro do mundo.

Para mostrar o sentido da vida e sua importância acima do materialismo do dinheiro e dos bancos que neste momento colocam o sistema monetário global sob pressão.

Para provar que o abuso de poder é inumano e assassino.

Para revelar o vazio e deformidade de uma vida sem sentido

Companheiros por todo o mundo transferem sua mensagem e nos acompanham.

Nós, dos subúrbios do Oeste, estaremos lá todos os dias nas ruas de Atenas para tornar a chama da revolução mais forte, e nada entrará em nosso caminho para nos deter.

(http://www.midiaindependente.org)



Ciudadanos griegos abuchean a los antidisturbios
transcrito y traducido para Rebelión por María Enguix

VÍDEO

En la pantalla pone arriba a la derecha: "Plaza Coraís". Los títulos rezan: "La sociedad agota su paciencia. Los ciudadanos abuchean a los antidisturbios".

Reportero (voz en off): Unos ciudadanos dan palmas irónicamente y abuchean a la policía antidisturbios cuando se acerca a unos jóvenes que lanzan piedras desde la zona de la universidad hacia la calle Coraís. [Se oye a la gente gritar "exo!": ¡fuera!]. Los policías, perplejos, se alejan. Son atenienses furiosos, personas de 40, 50 y 60 años, que estaban sentadas en las cafeterías y se han enfrentado a la policía en cuanto han visto que lanzaban gases lacrimógenos a los jóvenes.

La mujer de las gafas de sol grita: ¡Los ciudadanos os insultan, cerdos, los ciudadanos os insultan!

El hombre de las gafas y el jersey negro: [Los policías] han perdido la sangre fría y han pensado que estaban en peligro. Si algunas personas no se hubieran acercado a decirles que se marcharan de allí, que se fueran hacia la derecha, hacia la izquierda, que se fueran, ellos habrían ido directos a golpear a los chicos.

Periodista: ¿Usted ha sujetado del brazo a algún policía?

Anciano: Por supuesto.

Periodista: Cuéntenoslo.

Anciano: Con dignidad, sin mucha violencia.

Reportero: "Lo único que queríamos era impedir que la policía agrediera sin motivo a los manifestantes, por eso hemos ido a sujetarles del brazo", dice la gente que ven a mis espaldas, que tomaba café tranquilamente cuando ha visto el incidente.

Voz en off: Su rabia se desborda, puesto que sólo la visión del uniforme les recuerda que de la mano armada de un policía cayó muerto Alexis, de 15 años. Les recuerda a los policías motorizados que ayer mismo dispararon en cuanto vieron a jóvenes manifestantes en Paleó Fáliro.

Hombre: Lo que nos molesta es que esto es una muestra de fascismo.





Notícias:

Protestos entram no 11º dia

Greek PM vows to fight corruption after 11-day protest
Riot police headquarters attacked; state TV station occupied; anarcho-transportation actions continue


Artigos:

La reflexión sobre la revuelta estudiantil de un bloguero - Ger 1

El malentendido - Stelios Kuloglu



Vídeos pessoais: